
.Dou ainda mais três chutes aproveitando que o ‘’coitado’’ esta caído no chão gemendo de dor, não é só ele que estar com as pernas quase quebradas. A dor é maior, mas não tanto quanto a minha foça de vontade de ficar o mais longe possível dele. Levanto-me com dificuldade, é quase impossível ficar de pé, coloco minhas mãos no joelho e tento respirar, tento esquecer a dor em todo o meu corpo, por um momento parece funcionar, mas logo que volto a correr a dor volta, só que muito mais forte, mesmo assim continuo correndo o mais rápido que posso. Olho a cada segundo para trás, ele se quer se meche, eu o matei?! Infelizmente não, isso não é um episodio da Hanna Montana, isso aqui é real. Tento correr mais rápido, tropeço nós meus próprios pés e caio de cara no chão, luto para me levantar, meu corpo esta cedendo, cansado de mais ate para mexer a cabeça, nesse momento paro para pensar em casa, ninguém sentiu a minha falta e ligou para a polícia? Parece que não.
-Onde está você Gregory? Começo a chorar.
Escuto passos, o som de cada pisada na grama molhada, me apavora, não muito depois veio uma risada, a sua risada. Mesmo sem poder velo sinto sua presença maldita bem próxima.
-Era melhor não ter saído de casa, é muito perigoso aqui fora.
Cerro os dentes.
-Por que não me mata de uma vez? –Grito
-Por que assim não teria a menor graça.
.Esse cara não tem como ser uma pessoa normal, como ele pode ter prazer em torturar as pessoas ate que sedam a ponto de não conseguirem mais abrir seus olhos. Eu estou nesse estado, o que mais dói são as minhas perna, tentar meche-las parece impossível.
Ele esta tão perto que consigo sentir o seu hálito de porco, segundos depois ele se deita ao meu lado, também parece estar cansado, apesar de demonstrar um enorme prazer em me ver nessa situação vegetal. Engulo seco e me preparo para o que vier, apesar de ter tentado, esgotado todas as minhas forças, apesar de tudo isso, vou morrer.
O psicopata começa a acariciar meu rosto sem tirar os olhos de mim nem por um instante.
-Sempre fico pensando sobre o que passa na cabeça de vocês quando estão nesse estado prestes a...
-Que você vai apodrecer na cadeia.
Já estou escutando coisas? Será se é assim com todo mundo? Sempre antes de morrer vem alguém te buscar (então a minha teoria sempre esteve certa). Olho para João seus olhos estão arregalados e sua boca aberta, pelo jeito ele também escutou a voz. João logo tenta levantar mas é impedido por um chute incrível fazendo ele voltar a ficar deitado, agora estamos sentindo a mesma coisa, a dor. Mas quem será essa pessoa? Como estou caída de cara no chão não consigo ver. Mas mesmo assim acho que sei quem é.
-Você me paga Gregory, você me paga. –João grita com dificuldade.
Então quem veio me salvar é Gregory, dou meu primeiro sorrido do dia.
Escuto o som de várias viaturas, sem saída João só podia ameaça-lo (o seu próprio filho).Levanto os olhos e vejo que ele esta longe de mim para tentar fazer alguma coisa. Gregory se ajoelha ao meu lado e fica em silencio, preocupado de mais para dizer alguma coisa ele liga para a ambulância e pergunta quanto tempo vão demorar.
Ainda sem falar nada, ele simplesmente fica ao meu lado ajoelhado, não duvido que esteja com medo de mim, devo estar desumana.
Mecho minha mão e a coloco em cima da sua, ele a segura, esta tremendo. A ambulância chega fazendo ainda mais barulho que as viaturas, mal estacionam e vinte pessoas pulam, com cuidado e rapidez me viram e me colocam na maca, quando abro os olhos vejo Gregory ao meu lado, esta chorando.
Tento perguntar por que ele esta assim, mas não tenho forças nem para abrir minha boca, tento mais uma vez.
-Eu sabia que era você.
O que eu realmente queria dizer era isso, agora quem começa a chorar sou eu, a sua expressão muda, ele se aproxima e segura a minha mão com um sorriso, mas mesmo assim algumas lagrimas continuavam a cair não só do rosto dele. Agora eu posso fechar os olhos sem medo.
Mas antes eu tenho que ver essa cena, três policiais mobilizaram João e colocaram as algemas, bateram nele por um tempo e depois o jogaram na viatura, sorrio, agora quem é o vegetal?
.Quando acordo já estou no hospital, um monte de flores estão espalhadas por todo o quarto, e não parecem ser aquelas que você rouba do seu vizinho, são aquelas flores que você ganha do seu namorado, de aniversario, quando você está morrendo, ou quando você morre. Eu acho que o motivo de tantas flores é a aproximação da morte, mesmo estando acordada me sinto morta, a única coisa que consigo mexer sem dor são os meus olhos. Vejo alguma coisa pelo canto do olho, não consigo ver muito bem, mas sei que é uma pessoa, e ela perece muito com meu namorado, Leo esta aqui. Viro minha cabeça devagar para o ver melhor, está dormindo profundamente, está com olheiras enormes, sua aparência esta horrível, mas mesmo assim ele esta de um jeito estranhamente lindo. Meu coração bate rápido, umas das poucas coisas que me lembro é de Gregory segurando a minha mão o tempo todo, ate chegarmos ao hospital. Leo começa se mexer na poltrona, não parece tão confortável, se mexe mais algumas vezes ate abrir os olhos, não me lembro que tinha olhos tão lindos. Leo se joga da poltrona, e em dois segundos esta ajoelhado perto da minha cama, eu só conseguir sorrir.
-Sara, meu deus você acordou, tenho que chamar a enfermeira. –Diz ele se levantando muito preocupado para lembrar que tem um botão na cama em que posso chama-la.
Seguro sua mão.
-Eu estou bem – Tento sorrir mais uma vez.
-Me desculpe, eu só... Não sei o que fazer para te tirar logo dessa cama o mais rápido possível. –ele beija meu rosto. -Eu só quero poder te abraçar.
-È tudo que eu mais quero, nesse momento, de um abraço seu e um beijo. –Ainda segurando minha mão ele sorri e se aproxima para me beijar, mas é interrompido por Gregory que esta na porta com um buque de rosas.
Ele levanta as rosas e entra no quarto a colocando no último vaso vazio, eu não sei se é só impressão, mas ele parece olhar mais para Leo do que para mim (a quase morta), e o seu olhar não era um dos melhores.
Depois vai em direção à porta, ficando parado lá.
-Leo eu preciso falar uma coisa com ela, é claro se você não se importar. –Diz ele de costas para nós dois.
Leo ainda segurando a minha mão, olha para mim.
-2 minutos. – Ele pisca e me da um beijo na testa.
Então ele passa por Gregory, nenhum dos dois se olham.
Quando Leo sai do quarto Gregory vira e fica me olhando, depois se aproxima.
-Eu não sabia qual era a sua flor preferida então. –Diz ele olhando agora para as rosas.
-Eu amei. -Falo um pouco mais rápido que o normal.
-Mas o que você tem para falar comigo? –pergunto meio apreensiva, não faço ideia do que seja.
Ele me olha, está sério.
-Eu não entendi uma coisa que você me falou antes de entrarmos na ambulância, e isso não sai da minha cabeça.
Tento lembrar, mas não consigo.
Balanço a cabeça, ele continua.
-Eu sabia que era você.
A frase se repete na minha cabeça como um eco, depois que Gregory me falou consigo me lembrar perfeitamente dizendo aquilo para ele, nem eu sei explicar muito bem.
-Eu só sabia que você vinha. –Digo meio envergonhada olhando para as rosas.
Gregory se aproxima ainda mais, colocando sua mão em cima da minha, quando ia falar alguma coisa, foi interrompido por Leo que esta encostado na parede do quarto.
Continua (;