Definitivamente eu pirei, devo ter batido a cabeça forte no degrau, ele não pode ser filho daquele cara, sem chances. Fico o encarando esperando uma explicação para essa coisa absurda que acabei de ouvir, ele finalmente desliga o telefone e fica me olhando, o pior é que eu não sei como fazer essa pergunta, ele vai rir da minha cara,e eu também, querendo acabar logo com esse desentendimento decido tomar partida.
-Voc...
E sou interrompida pela minha mãe (como sempre aparecendo nas melhores horas).
-Filha como está? –Me pergunta se deitando ao meu lado na cama.
-Bem, eu acho.
Ela segura a minha mão e me olha com cara de pena.
-Minha filhinha, minha filhinha. –Não para de repetir.
-Vou comprar uma coisa com o João, não quero assusta-la por esta indo ver quanto esta o preço da cadeira de rodas.
(acredite, ela não falou brincando)
Ela me da um beijo fala alguma coisa para Gregory e sai finalmente do quarto.
Com dificuldade me ajeito na cama, tudo de repente começa a girar (minha mãe conseguio mexer com meu psicológico) fecho os olhos, piora, estou me sentindo como se estivesse pulando de um penhasco, descendo a parte mais angustiante da montanha russa, pulando de um avião, é,eu também acho que vou morrer. Escuto a voz de Gregory esta baixa, é como se ele estivesse muito longe de mim. Me acalmo quando sinto suas mãos macias me tocando.
-Você esta bem? –Pergunta angustiado.
Alivio, não sei bem explicar como me senti depois que ele me abraçou, por um momento esqueci o motivo dele esta realmente me abraçando, esqueci que estou passando mal, tudo sumio, ate que ele se afastou e disse que ia ligar para a minha mãe, ai tudo voltou, o enjoou a tontura, junto com falta de ar e o medo.
-Não. Foi a única coisa que consegui falar.
-Só quero... (prossigo com dificuldade)
-Que me leve ao banheiro.
Ele larga o celular e atendo o meu pedido, com delicadeza me bota no colo e para em frente a porta.
-Tem certeza que não quer que eu ligue para a sua mãe?
Balancei a cabeça negando.
-Só preciso de um banho.
-Consegue ficar em pé?
-Já estou melhor, só foi uma tontura.
-Uma tontura? Achei que você fosse desmaiar. –Diz ele me colocando devagar no chão.
Mostro um sorriso para ele ver que consigo ficar em pé sem dificuldades.
Mas pelo jeito não o convence.
-Vou ficar aqui te esperando.
-Obrigada-E mostro mais uma vez o mesmo sorriso fechando a porta.
Lavo o meu rosto, o que esta acontecendo comigo? Eu estava bem a dois segundos.
Olho-me no espelho e entendo por que Gregory esta tão preocupado, meu rosto esta muito pálido e meus olhos quase fechados, estou com medo de mim mesma, uma verdadeira morta viva.
-Eu vim de um pequeno interior, Pariri.
O que ele esta querendo dizer com isso? Acho que não é um bom momento para sabermos mais um sobre o outro.
-La todo mundo conhece todo mundo, e coisas, boatos se espalham muito rápido. E isso é um problema, principalmente para quem tem um pai como o meu.
Apoio minhas mãos na pia e fico de frente a porta escutando.
-Quando uma pessoa faz uma coisa errada e as outras descobrem você acaba tendo duas opções, ou você se muda, ou tem que viver o resto da sua vida aguentando todas aquelas pessoas apontando para você cochichando,ou até criando coisas piores.
-Então nós preferimos a primeira opção.
Isso quer dizer que...
-O meu pai foi a causa de tudo isso, e ele esta noivo da sua mãe Sara.
Sem saber o que dizer abro a porta devagar e o vejo, parado em minha frente
-Você estende o que eu quero dizer com isso?
Percebendo que eu não estava em condições de falar ele continua.
-A sua mãe está em perigo, com o meu pai.
Ele se aproxima.
-Sara.
Olho para o corredor e vejo Leo, com uma caixinha na mão ele entra com o mesmo sorriso de sempre, (instantaneamente fico melhor). Ele me abraça,me envolvendo com os seus braços e pisca para Gregory.
-Obrigado por cuidar dela.
-Acho que o que ela estar mais precisando agora é de você.
Antes dele sair do quarto ele me olha. Ainda não sei em que pensar.
-Pra você- E estende a caixinha.
Deu pena da abri-la é tão bonita, e ainda dada por Leo, depois de tudo isso tinha me esquecido o quanto ele é necessário para minha vida.
Um colar, mais não um colar comum ele tinha uma pedra que chamou a minha atenção, a cor era suave, vibrante, um azul claro perfeito.
-Tem a mesma cor dos seus olhos.
Ele coloca o colar em mim, suas mãos estão quentes, me deixando com as pernas bambas.
-E eles foram feitos especialmente pra você.
Ele me vira e me abraça, suas mãos percorrem minhas costas fazendo nossos corpos ficarem ainda próximos, depois acaricia meu pescoço me e beija, o beijo foi ainda melhor que o primeiro, me deixando sem chão, pode parecer estranho mas foi exatamente assim que me senti, como se eu estivesse flutuando.
Ele acaricia meu cabelo e ainda bem próximos me pergunta
-Esta tudo bem com você mesmo?
Por que essa pergunta? Ele já quer ir? Não posso deixar, quero ele só por mais...alguns dias
-Agora estou muito melhor. –Sorrio também acariciando seus cabelos.
Ele me da mais um beijo rápido e depois suspira.
-Que susto você me deu, vim correndo ate aqui.
-Você veio a pé?-Pergunto sem acreditar.
Ele coça a cabeça.
Entendi, ele esta sem dinheiro, gastou tudo com o presente que me deu, não posso acreditar que ele fez isso por mim.
-Eu não acredito.
Ele olha para os lados.
-Não é nada disso, é só que esta sem taxi, não sei bem o que aconteceu, mas esta sem ónibus também. Nós rimos.
-Não posso aceitar. –Tento tirar o colar para entrega-lo.
-Você não faria isso comigo.
-Não posso aceitar, deve ter sido muitoo caro.
-Não foi. Ele pisca
-Esse colar foi feito para você, pedi a um amigo meu para fazer, ele me cobrou pela metade do preço.
Tento falar mais ele me interrompe colocando seu dedo no meu lábio.
-È seu.
-Então me deixe pagar pelo menos o seu taxi, você não pode voltar andando, é muito longe.-Insisto.
-Não se preocupe com isso. - Acompanho o seu olhar pela janela e vejo um carro estacionado em frente a minha casa.
-Um amigo vai me levar. –Ele segura a minha mão- Mas se você quiser, eu posso ficar.
A pessoa do carro não para de buzinar, pelo jeito estava lá desde que ele chegou.
-Não, como você vai voltar? -Eu estou bem, muito bem. –O Gregory tinha razão, o que eu estava precisando mesmo era de você.
Gregory entra no quarto e avisa que o cara esta ameaçando arrombar a porta se Leo não for embora há 1 minuto.
-Acho que ele esta aqui há muito tempo, é melhor você ir.
Ele me abraça mais uma vez e sussurra no meu ouvido.
-Terça as 8 na praia aqui perto. –Me da um beijo no rosto se despede de Gregory e sai.
O acompanho pela janela, no meio do caminho ele vira e fica me olhando por alguns segundos sorrindo até o cara do carro descer gritando e o ameaçando com alguma coisa em sua mão.
Sinto alguém topando no meu ombro viro rápido e vejo Gregory, tinha o esquecido, e da conversa que tínhamos tido também.
-Sua mãe ligou, ela esta vindo.
Logo depois que ele avisa escuto a campainha, como sempre ela esqueceu a chave, saio correndo ate a sala e abro a porta ofegante, não era a minha mãe e sim João. Seu sorriso nojento e sínico me deu náuseas, seu rosto esta todo suado, olho para a sua camisa e vejo uma mancha enorme que parece ser...sangue.
-O que você fez com minha mãe? –Pergunto gritando desesperada.
Continua (;